Quando criança eu aprendi que a pele dos desenhos tinha apenas um tom para ser pintada, dentre tantas opções que as caixas de giz de cera ou de lápis de cor ofereciam. Talvez não fosse apenas uma, tinha o rosa claro e o bege, não é? Podíamos variar um pouquinho, de vez em quando. E quem me ensinou que aquele lápis se chamava cor de pele? A cultura! Todos e todas que faziam parte do meu contexto da época, era tão natural! Aí é que mora o erro, naturalizar o que deve ser estranho. Quem disse que as pessoas têm apenas esse tom na cor das suas peles? Se é que existe alguém nesse tom exato. É uma cor tão única a ponto de dar “nome” ao lápis?

Precisamos, todos nós, educadores (mães, pais, professores, professoras e TODOS que educam), questionar pequenas coisas que parecem sutis, mas que fazem toda a diferença. E, mais do que questionadores, sejamos aqueles que mostram isso para as crianças. Meus alunos demoram para se acostumar a chamar o lápis de rosa, contudo, com o tempo, minha alegria é ver eles corrigindo uns aos outros: “Não é cor de pele, é rosa ou salmão.” Podem confiar: as crianças se adaptam mais rápido do que os adultos!

Cor de qual pele? É essa a resposta que podemos dar quando as crianças pedirem o lápis. Um trabalho bacana para fazer com elas é pedir que coloquem ao lado do braço os lápis ou pintem seus rostos com vários tons, para encontrarem o que é mais próximo da cor da sua pele. Ainda não temos muitas opções de lápis de cor com vários tons, mas em uma busca rápida pela internet você encontra algumas alternativas para compra.

O mais importante é que possamos ter a consciência de que: 1°) não podemos ter medo de falar sobre assuntos que parecem polêmicos; 2°) isso não é apenas mais um papo de que “hoje em dia não se pode falar mais nada porque é preconceito ou racismo”;  3°) pequenas coisas fazem diferença na formação integral dos sujeitos que nos chegam; e o mais importante:

4°) Viva a DIFERENÇA, seja a DIFERENÇA

e faça a DIFERENÇA!

 

 

 

 

3 respostas

  1. Desenvolvi um projeto exatamente a partir do nome de uma campanha de giz de cera… “Cor de pele… de quem?”
    Meus alunos e os de duas colegas (foram 3 turmas de 4º ano envolvidas) amaram o trabalho.
    Eu me surpreendi com a riqueza do aprendizado alcançado… enfim, foi muito prazeroso construir este trabalho.

  2. Isso sim é algo justo para se conscientizar!
    Totalmente diferente de outras reivindicações! Como não poder chamar uma menina de princesa ou outras questões do tipo!

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